Digital Favela: Como o projeto conecta marcas a influenciadores digitais de comunidades
Atualizado: 26 de ago. de 2020

Nos últimos anos, a gente se acostumou com um novo tipo de personalidade: os influenciadores digitais. Com conteúdos através das redes sociais, os influenciadores foram ganhando milhões de seguidores e, impulsionados pelas marcas que identificaram um potencial de alcance muito bom ali, passaram a divulgar produtos e serviços, gerando milhões em lucros e vendas.
Só que os influenciadores, antes restritos e pertencentes a um nicho muito específico, agora estão se espalhando e estão conquistando mais espaços, principalmente em comunidades. Foi daí que nasceu o Digital Favela.
O projeto, idealizado pela Favela Holding e a agência Peppery, busca aproximar influenciadores digitais das comunidades às grandes marcas que queiram ampliar a comunicação para esse público. Empresas como Uber, Claro e Facebook já estão realizando campanhas através do Digital Favela e outras empresas também estão interessadas.
Para você entender como funciona o projeto inovador, que foi criado há pouco tempo e já tem obtido sucesso, entrevistamos o Guilherme Pierri, CEO da Peppery. Confira!
Conta pra gente como surgiu a ideia do Digital Favela, onde vocês estão presentes e como o Projeto funciona:
A ideia surgiu a partir de uma parceria institucional entre a Peppery (agência que fundei) e a CUFA. A partir de um longo período de convivência com o Celso Athayde (Fundador da CUFA e F. Holding), entendemos que havia uma demanda muito grande por marcas/empresas querendo se aproximar dos territórios de favela mas sem entender quem seriam os porta-vozes locais. O Digital Favela surgiu para aproximar moradores de favela que são autoridades em suas regiões a marcas/empresas que estão ou não presentes nos territórios, sendo comunicados por estes, que são os maiores entendedores dentro do contexto.
Além disso, é um projeto com um incrível propósito de transformação. Seja transformação do morador, que passa a ter uma nova profissão e fonte de renda, do território, que passa a ser observado e suportado pelas empresas e as marcas que encontram um novo horizonte na comunicação com este público.
Você acha que as empresas, num geral, já estão enxergando o potencial de divulgação via influenciadores nas comunidades?
Sim, e cada vez mais. O Digital Favela é uma prova disso. Estamos em um momento no qual as pessoas buscam histórias reais, de indivíduos reais, e as favelas devem sim ser as protagonistas de suas próprias histórias. Muitas marcas entendem a força da comunicação de massa, mas sabem que nichar a comunicação tem cada vez mais surtido efeito nos resultados e que os especialistas dos assuntos têm muito mais autoridade em relação aos influenciadores genéricos.
Quais os ganhos, não só econômicos, mas também sociais, que o diálogo entre essas marcas e influenciadores proporciona aos milhões de consumidores das comunidades?
Os ganhos são inúmeros. Começando pela democratização de uma profissão consolidada no asfalto e considerada por muitos como inacessível para favelados e periféricos. Além disso, possibilita à favela conhecer e consumir novos produtos e serviços que até então não tinham ligação direta com os territórios. Os produtores de conteúdos serão ainda mais reconhecidos e remunerados por representarem essas marcas.
Uma coisa muito legal que o Digital Favela cria é representatividade. Através dos influenciadores das favelas, pessoas em situações parecidas se sentem representadas e ouvidas pelas grandes marcas. Qual a importância disso para a vida delas?
Representatividade no mercado de comunicação nunca foi uma coisa comum. Pelo contrário, pouco víamos negros, LGBQI+, favelados etc. na publicidade. No caso das favelas, os negros e pardos são 70% destes territórios e pouco se viam em campanhas, anúncios ou serviços. Isso contribuiu (e muito) para a marginalização, preconceito e diversos tipos de discriminações. Isso vem mudando drasticamente de tempos pra cá e é algo que buscamos cada vez mais acelerar com o Digital Favela. O Celso Athayde, co-fundador da CUFA e da Digital Favela, tem uma frase que mostra exatamente esse poder da representatividade quando diz: "É incomparável a força de uma mãe de família postando para outras mães de família dentro de uma favela. Esse conteúdo tem autoridade, legitimidade e, claro, credibilidade”
Já é possível mensurar os resultados obtidos pelo projeto?
As primeiras campanhas devem acontecer a partir da terceira semana de agosto, mas o que podemos já concluir é que a receptividade do mercado e dos influenciadores foi muito além das expectativas. Estamos no primeiro mês de vida da empresa e já contamos com 11 campanhas efetivas fechadas e mais de 6.000 influenciadores espalhados por diversas favelas no Brasil.
Podemos dizer que é apenas o começo de uma revolução no mercado de comunicação.
A soma de todos os moradores de favelas do Brasil hoje é de 14 milhões de pessoas. Se fosse um estado, seria o 5º maior do país. Mesmo assim, são potenciais consumidores ignorados pelas marcas até hoje. Por que você acha que isso está mudando?
Ainda que incipiente o número de negros e favelados nas empresas, as marcas estão cada vez mais representadas por líderes que entendem a necessidade e obrigatoriedade de corrigir más heranças culturais que ainda tanto os afetam. Mesmo assim, ainda é preciso muito mais representatividade e continuidade nessa incessante busca de igualdade no país.
O Projeto abre um universo tanto para as marcas como para os micro-influenciadores que são monetizados pelos conteúdos gerados. Quais marcas já anunciaram e o que estas campanhas têm representado na vida destes micro influenciadores na comunidade?
Das 11 campanhas já fechadas, podemos dizer que Claro, Facebook, Uber, PicPay, Atacadista Assaí e Alicerce Educação serão os primeiros clientes a veicularem com a DF.
Quer participar do projeto? Entenda como funciona!
Através da plataforma, qualquer morador de uma comunidade que tenha mais de mil seguidores nas redes sociais - com conta comercial - pode fazer um cadastro. A partir disso, ele integra o quadro de influenciadores que poderá ser consultado por empresas.
A Peppery utiliza os dados fornecidos pelo influencer para indicar campanhas que tenham a ver com o seu perfil. Se ele for recrutado para participar, todo o time do Digital Favela estará disponível para auxiliá-lo no que for preciso
Acesse o site https://digitalfavela.com.br/ e conheça mais!